Brasão da Paróquia do Rosário
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NOVO BRASÃO DA PARÓQUIA
A maioria dos brasões atuais de instituições paraibanas são recentes, já nasceram no século XX. Grande parte da década de 1970, quando o heraldista austríaco, radicado na Bahia, Ir. Paulo Lauchenmayer O.S.B. e seu passavante Victor Hugo Carneiro Lopes, ambos já falecidos, realizaram a confecção de grande parte dos brasões institucionais e dos municípios da Paraíba. O brasão da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário é ainda mais recente, data de 2010, período no qual as arte gráficas computadorizadas e a consulta à internet já prevaleciam e, sem dúvida, favoreceram a iniciativa da tentativa de confeccionar um brasão ex-novo para a Paróquia.
No Brasil e em seu meio eclesiástico, é comum o uso de Brasões de Armas por padres, diáconos, bispos, e outros membros do clero, assim como paróquias, dioceses, abadias, etc. O Vaticano considera livre a adoção de brasões de armas, sem necessidade de depósito ou registro em nenhuma instituição.
O Brasão é uma forma de identificação pessoal, institucional e familiar iniciada na era medieval. Quando os homens, armadurados, pintavam com cores seus escudos para identificar o lugar de onde vinham e as famílias às quais pertenciam, posteriormente, ao invés do escudo passaram a usar o tabardo, uma espécie de camisão, colocada sobre a armadura ou cota de malha, com todas as cores e figuras que os representavam e permitia que os identificassem de longe e durante as batalhas. Hoje, mantido por famílias tradicionais, pesquisadores de heráldica, genealogia e história, possuidores de títulos históricos de nobreza, investidos em ordens de cavalaria, sacerdotes, entre outros. Assim, a Igreja Católica como instituição de mais de dois mil anos de existência manteve também a tradição heráldica e a cultiva com livros sobre o tema, sacerdotes especializados e também o uso dos brasões por autoridades, inclusive pelo Papa e por ordens militares e equestres de leigos como a Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém e a Ordem de São João de Malta, antigos Cavaleiros Templários e Hospitalários, respectivamente. Sabendo disto, em 2010, o Padre Nelson da Silva confeccionou o primeiro brasão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Uma iniciativa louvável.
Graças à época em que o brasão foi desenhado, hoje podemos ter um registro da descrição heráldica e sua justificativa, registrados na internet para livre consulta no portal da comunidade. Logo, também surgem os questionamentos e dúvidas que podemos sanar e dar continuidade a iniciativa do Pe. Nelson da melhor representação da comunidade do Rosário como é gentilmente conhecida.
Ainda sobre heráldica, o trabalho referencial sobre heráldica eclesiástica é, sem dúvidas, a arte e estudos do Cardeal Bruno Bernard Heim, Arcebispo Emérito de Xanthus, Grã-Bretanha, também é dele a autoria dos brasões dos Papas São João XXIII e de São João Paulo II. Outra obra e referência é a obra do Cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo, Cardeal-diácono de Santa Maria in Portico Campitelli. Ambos heraldistas e autores de livros sobre o assunto dentro da Igreja. A partir destas obras temos as referências de regras para o meio eclesiástico e para a heráldica como um todo. Assim, podemos avaliar algumas aspectos do brasão atual e propor melhorias e pequenas correções.
A primeira dela é que o brasão atual utiliza um formato de escudo chamado de "francês antigo", já em desuso e bastante exótico, tendo constituído moda na França do Renascimento. No Brasil, o mais comum é utilizar a tradição lusitana do formato de escudo ibérico ou francês novo. Porém, na arte eclesiástica esta convenção é mais abrangente e permite a maioria dos formatos de escudo, inclusive os mais rebuscados com muitas curvas e inspirações barrocas. Hoje, no mundo da heráldica, o que dita grande parte das regras é o que acontece no Reino Unido, detentor da maior Instituição de heráldica do mundo o College of Arms, que rege a heráldica da Inglaterra, Páis de Gales, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, Jamaica. Então, hoje nota-se, na maioria dos países uma opção pelo formato inglês de escudo. E foi exatamente o que se adotou para a reformulação do brasão da paróquia em questão.
A heráldica também tem pequenas regras fundamentais sobre o uso das cores que são poucas e dividas entre metais e esmaltes. O metais são ôr e argent (ouro e prata), já os esmaltes são gules, blau, sinople, sable e púrpura. Vermelho, azul, verde, preto e roxo, respectivamente. Assim, nas leis da heráldica, esmaltes não se misturam e os metais também não, Isto é sempre se desenha um metal sobre um esmalte e vice-versa, mas nunca metal sobre metal, nem esmalte sobre esmalte. Nesta regra existem também peculiaridades menores que são. Não existem variações de tom, então vermelho é vermelho, não existe rosa, rosa claro ou escuro, nem avermelhado, qualquer um destes tons será considerado vermelho, gules. Então cinza, prateado e branco são a mesma cor, argent. Quando examinamos o brasão original, nota-se que o fundo, ou campo, é de prata e a igreja está pintada de branco, então, heraldicamente falando temos duas contrições, metal sobre metal, isto é, branco sobre cinza ou prata, que são dois tons em uma mesma composição. O mesmo ocorre com o infólio (bíblia) e a coroa que são de prata. As variações de tom também estão presentes na bordadura (bordas do escudo) que parecem estar filetadas ou realçadas, só que não é o caso. Estas contradições foram corrigidas com a modificação do campo principal para blau (azul), podendo assim as figuras do infólio, da coroa, rosário e igreja poderão manter-se de metais. Na nossa interpretação, usamos o ôr (ouro), metal da realeza e também da pureza, virtudes da Virgem Santíssima, à qual toda composição do interior do escudo, juntamente com Cristo, faz alusão.
Nas regras heráldicas também existe a regra sobre o tamanho das figuras e sua disposição dentro do escudo, chamada de "regra da plenitude". Esta regra diz que as figuras no interior do escudo devem ser chapadas (em duas dimensões apenas), e ocupar o máximo de espaço possível sem tocar as bordas. Além disso, em caso de existirem mais de uma figura, elas devem dispor-se de forma simétrica. No brasão antigo, tanto a coroa, como a igreja e o infólio estão em três dimensões ou em perspectiva isométrica. Ferindo esta lei fundamental da arte e ciência da representação. Assim, mantivemos a silhueta da igreja matriz da paróquia, que na nossa opinião, foi um toque de esmero e cuidado digno de nota. Ao mesmo tempo, colocou-se as figuras chapadas ou o mais próximo que se possa disso, porém, dando uma impressão de profundidade também.
No aspecto particular de cada figura, pode-se discutir o seguinte:
A coroa está incrustada de jóias e forrada de tecido de gules. Esta coroa é a usada no exterior de escudos de realezas. Já no interior do escudo, usa-se sempre a coroa totalmente de ôr ou argent (ouro ou prata). Optamos pelo ôr, para dar também unidade à composição no interior do escudo.
O infólio, ou bíblia, em geral é representado com as letras gregas, alga e ômega, uma em cada página. Conforme alguns trabalho do Arcebispo Heim.
No que tange a bordadura, como originalmente o Pe. Nelson a compôs de blau, e queria-se, neste trabalho, manter o máximo a sua originalidade. Então manteve-se esta cor, porém, para não ferir a regra dos esmaltes e metais, separou-se a bordadura do escudo principal de um filete de prata, em alusão ao bairro tradicional de Campina Grande no qual está contida a Paróquia, como também era ideia original do primeiro autor.
As doze rosas heráldicas também foram mantidas. Assim com a cruz episcopal por trás do escudo, como é tradição na heráldica de domínio no Brasil.
Por fim, o listel (a faixa que adorna o escudo), também foi modificada. Recomenda-se que sempre a cor do listel seja a mais clara possível, branca ou cinza, com letras da mais escuras possíveis também, pois fica facilitada a visualização de longe e também a impressão em meios digitais.
Portanto a composição final da reformulação manteve as figuras originais, igreja, rosário, infólio e coroa, a bordadura, as doze rosas, a cruz episcopal. Mudando-se apenas alguns esmaltes e metais e as perspectivas das figuras. Também adotou-se um listel mais rebuscado.
Preferiu-se também investir nos mínimos detalhes do brasão, como as contas do terço que foram meticulosamente desenhadas, o final do terço, o salve rainha, foi desenhado com alusão as medalhas de Nossa Senhora da Conceição, e na ampliação da figura poderá se ver a imagem de Maria Santíssima. Na cruz do terço foi adicionada a rosa que na bordadura já fazem alusão a Rosa Mística, outro título de Nossa Mãe. Por fim, outra alusão, foi o formato da coroa dentro do escudo, que tem como referência a Coroa Real de Portugal, à qual não é utilizada pelos reis, mas sim pela imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, onde o Rei Dom João IV e Mestre de Aviz, recusa-se a ser coroado após a batalha de Aljubarrota, aponta para a imagem da Virgem e diz "eis a verdadeira Rainha".
Conclui-se que o brasão antigo teve parte de sua originalidade mantido parcialmente para melhor uso da heráldica. Também foram mantidas as justificativas heráldicas, os símbolos e significados originais sobre a majestade de Nossa Senhora, a referência ao Rosário, ao Bairro da Prata, entre outros. Logo, esta reformulação tratou-se não só de uma correção em favor das regras heráldicas e costumes eclesiásticos das mesmas, como também uma preservação do sentido real do brasão original.
EDUARDO D'CASTRO
ARTE HERÁLDICA LUSO-BRASILEIRA
CAMPINA GRANDE, PARAÍBA - BRASIL
2015
Este é o brasão da Parquia do Rosário, criado na ocasião da comemoração dos seus 70 anos de existência.
BRASÃO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
BAIRRO DA PRATA - CAMPINA GRANDE - PB
DIOCESE DE CAMPINA GRANDE - PB
A simbologia cristã.
Vivemos cercados de símbolos, escudos e brasões, relacionados com governos, universidades, escolas e até clubes esportivos. Na Igreja Católica, eles vêm de uma longa tradição, cujas raízes estão nas catacumbas dos primeiros séculos.
Visitando as catacumbas, no subsolo da cidade de Roma, o peregrino não pode deixar de sentir um misto de assombro e reverente curiosidade ao percorrer os lugares onde os primeiros cristãos se ocultavam das perseguições que lhe moviam os imperadores pagãos.
Ali ele contempla com os olhos as antigas inscrições e as pinturas, procurando imaginar o que sentiam, o que pensavam, e como teriam ali vivido esses nossos ancestrais na fé. Passa lentamente a mão sobre as pedras e, de repente, depara-se com algo gravado em relevo. Trata-se do desenho de um pequeno peixe, simplesmente traçado, mas sem dúvida um peixe. Qual é o seu significado? A palavra peixe em grego se dizia "ichthyos" (ΙΧθΥΣ), mas entre os primeiros cristãos era usada como um anagrama, pois suas cinco letras eram também a abreviação da frase: Iesous Christos Theou Yios Soter (Jesus Cristo Filho de Deus, Salvador). A figura tinha, ademais, um significado místico, porque, como os peixes, também os cristãos eram "nascidos nas águas".
Tratava-se, pois, de um dos primeiros símbolos criados para representar realidades da fé e da vida cristãs.
O uso dos símbolos cristãos
Com efeito, toda instituição sadia que se forma ou adquire uma personalidade própria, tem como uma de suas primordiais preocupações desenvolver símbolos que a caracterizem e distingam das demais. E uma das manifestações da riqueza e força espirituais da Igreja Católica é a fecundidade em traduzir numa exuberante coleção de símbolos o universo sobrenatural que ela contém.
Acima de todos os símbolos, sem dúvida, está a própria Cruz, sinal por excelência instituído pelo próprio Salvador que nela quis derramar todo o seu preciosíssimo sangue para nossa redenção.
No entanto, é espantosamente grande o número dos símbolos cristãos, como grande é a quantidade de carismas e vocações dentro da Igreja.
Analisar a sucessão dos símbolos cristãos ao longo dos séculos é fazer um interessante estudo da história da própria Igreja. Cada geração acrescenta um novo elo a essa cadeia ininterrupta, iniciada pelo próprio Cristo Senhor Nosso. Desde a antiqüíssima figura do peixe, gravada numa pedra já quase desfeita, até o brasão de um bispo, de uma Diocese, de uma Paróquia, ou de um presbítero todos fazem parte da mesma história desta Igreja peregrina e imortal, que sem cessar se renova ao sopro do Espírito Santo. Renova-se como uma grande e saudável árvore cujas raízes estão solidamente plantadas no fértil solo do passado, e cujos novos ramos se multiplicam possantes e verdejantes, voltados para o céu, para o futuro.
O Brasão da Paróquia
"Uma imagem vale mais que mil palavras", diz a sabedoria popular. Talvez por isso, os brasões, símbolos identificativos de indivíduos, famílias, instituições ou locais não utilizem letras, mas figuras na sua composição.
Descrição Heráldica do Brasão da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário
ESCUDO
Escudo clássico e pleno em prata, com um terço em formato de coração, preenchido com a silhueta de uma Igreja e da Bíblia Sagrada, encimado por uma coroa mariana de ouro, com bordadura em azul carregada de doze rosas heráldicas.
COMENTÁRIO SIMBÓLICO
- Escudo
O escudo clássico e pleno traz a logomarca da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, já utilizada há alguns anos: um terço em formato de coração trazendo no seu interior a silhueta da Igreja Matriz e um livro aberto representando a Sagrada Escritura, Palavra de Deus e o grande tesouro do cristão. O esmalte do brasão por seu metal argente (prata), simboliza: inocência e pureza, virtudes essenciais em todos os homens e mulheres fiéis a Deus. O metal prata faz alusão também ao Bairro da Prata, coração da cidade de Campina Grande, onde encontramos a sede e o conjunto paroquial formado pela Igreja Matriz, Casa Paroquial e Centro Pastoral do Rosário.
- Figuras
As figuras ou símbolos utilizados no Brasão (Terço, Bíblia e Igreja) encimados por uma (Coroa em ouro) aludem-nos a Igreja católica, conduzida pelos sucessores dos apóstolos, e orientada pelo Evangelho de Jesus Cristo; a Igreja local e paroquial suas estruturas e pastorais alimentadas pela oração e pelo testemunho dos fieis; a sua padroeira Nossa Senhora Mãe e Rainha do Santo Rosário.
O terço nos lembra a oração do santo rosário e o seguimento de maravilhas, graças e bênçãos, concedidas a todos os que o recitem.
A Bíblia, Palavra de Deus viva e eficaz, capaz de comunicar a salvação a todos àqueles que a acolhem, nos recorda Santa Teresinha do Menino Jesus, Doutora da Igreja, cuja relíquia está depositada no altar da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.
A Igreja de Cristo simbolizada na silhueta da Igreja Matriz do Rosário é a detentora na plenitude dos sete sacramentos e dos outros meios necessários para a salvação. Tudo isto para reunir, santificar, purificar, salvar toda a humanidade e para antecipar a realização do Reino de Deus, cuja semente é necessariamente a própria Igreja. Por esta razão, a Igreja, guiada e protegida pelo Espírito Santo, insiste na sua missão de anunciar o Evangelho a todo o mundo, sendo ordenada pelo próprio Cristo: "Portanto, ide fazer discípulos entre todos os povos, e ensinai-lhes a cumprir tudo o que vos mandei". (Mt 28,19-20)
A coroa real encimando o terço do brasão simboliza o Reino de Cristo, e sendo em ouro e cravejada de pedras preciosas simboliza: nobreza, autoridade, e generosidade. A este Reino se chega através do "testemunho", cuja meta é a cruz redentora. Assim como Jesus, Rei e Senhor da nossa vida, Maria Santíssima é a Mãe e Rainha do Santo Rosário, intecessora junto do seu Filho por todos os cristãos.
- Peças (Bordadura)
A bordadura representa proteção, favor e recompensa. No Brasão da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário a bordadura de blau (azul) significa: justiça, serenidade e fortaleza, carregada de doze rosas heráldicas recorda-nos o céu lugar e morada de Maria Santíssima, dos Santos e Santas, destino de todos os filhos e filhas de Deus. Recorda-nos o rosário mariano, grinalda de flores colocadas aos pés do Senhor Jesus e de sua Santa Mãe a Virgem Maria. Recorda-nos a "mulher do apocalipse de doze estrelas coroada" (Ap 12,1-6) que é prefigurada pela igreja que gera o Cristo em cada cristão. Recorda-nos a Santíssima Virgem Maria, a Rosa Mística, intercessora de todos, chamada de mulher em (Jo 2,4) e mãe junto à cruz (Jo 19,26). Maria, Mãe de Deus e nossa, em todas as lutas pela paz, vida, doçura e esperança nossa como recitamos na oração "Salve Rainha".
O presente Brasão é, pois, segundo as regras heráldicas, uma síntese ou resumo da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, suas estruturas, vida e de seu programa pastoral.
O Brasão de Armas da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, é exclusivo do governo paroquial e será usado:
I – Obrigatoriamente:
Nos documentos, demais papéis e correspondências oficiais expedidas pelo Pároco e pela Secretaria Paroquial;
II – Facultativamente:
Na fachada dos edifícios e estruturas paroquiais;
Em textos e materiais de uso das pastorais, serviços, grupos e movimentos;
Nos veículos da Paróquia;
Nos locais onde se realizarem festividades promovidas pela paróquia;
Campina Grande - PB, 15 de agosto de 2010.
Pesquisa e compilação de vários textos e autores: Pe. Antonio Nelson da Silva